Ainda não sabemos para onde nos conduzirá esta pandemia, mas já é claro que nestes últimos meses houve uma redução drástica dos níveis de CO2 provocados pelas emissões das aeronaves e aeroportos na atmosfera. Com o permanente diálogo sobre a nova infraestrutura aeroportuária, nunca é demais refletirmos um pouco sobre o nosso planeta e as alterações que dai advêm, principalmente neste dia tão especial… O DIA DA TERRA.
A ICAO (Organização da Aviação Civil Internacional na sigla em português) afirma um progresso significativo em direção à implementação global de seu esquema de compensação e redução de carbono para a aviação internacional (CORSIA). Neste momento 85 países, que representam 76,8% das operações, estão comprometidos com o CORSIA.
A questão é, saberemos realmente como esta realidade nos toca? Tem a noção das fontes de emissão que ocorrem, por exemplo, numa infraestrutura aeroportuária?
Sobre o ruído: Os Aeroportos e aeronaves, autoestradas e ferrovias são as fontes de maior emissão de ruído, de acordo com (Ozkurt, 2015). É, por isso, necessário desenvolver políticas para estabelecer limites ao ruído nos aeroportos a fim de minimizar os efeitos nocivos sobre as pessoas que trabalham junto às operações e que habitam junto às pistas de aterragem. (Blacketal, 2007).
Sobre as emissões: Os congestionamentos originados pelos atrasos ocorridos no embarque ou chegada tardia da aeronave, contribuem para fortes impactos de emissões ao nível do solo, e também têm implicações negativas na saúde das pessoas que habitam junto dos aeroportos (Yinetal., 2015). No entanto, o impacto das emissões está para além das aeronaves, mas sim, por um subsistema em torno dos serviços de terra, incluindo o provocado pelos passageiros. Aliás, as emissões causadas pelos passageiros de e para os aeroportos, são das maiores causas de impactos de CO2 nos aeroportos. (Postorino, 2014)
As unidades auxiliares de energia e equipamentos ligados às operações de terra também afetam gravemente a qualidade do ar junto da infraestrutura e de todos as pessoas que se encontram nas suas proximidades. De acordo com Masiol (2014) os pneus, os travões, o desgaste no asfalto, e as partículas que circulam quando da turbulência cruzada provocada pelas movimentações das aeronaves também têm forte impacto na saúde e no ambiente. Aliás, de acordo com (Schäferetal, 2003), os índices das emissões dos equipamentos de terra estão ao mesmo nível das emitidas pelas aeronaves.
Conclui-se que as principais fontes de emissões começam a ser estudadas e catalogados os seus efeitos, contudo, os esforços parecem não ser uma prática global. As companhias aéreas, por exemplo, não tomam grande atitude sobre este problema, a não ser, ver reduzidas as emissões das suas aeronaves, pela via da redução de consumo de combustível.
A chave para a mudança reside precisamente na mudança de atitude por parte das companhias aéreas e dos aeroportos, pois as reduções dos impactos provocados por uma viagem de avião podem ser mitigadas com uma simples mudança de comportamento (Haresetal, 2010).
Embora a atual situação nos remeta para uma diminuição das emissões, a retoma elevará os níveis para valores similares. Todas as regulamentações provenientes das entidades reguladoras correm o risco de restringir o crescimento das operações de transporte aéreo, para isso é necessário desenvolver políticas de crescimento sustentável, e como consequência, reduzir o impacto sobre o ambiente JÁ.
Texto: Rui Quadros – Docente no Instituto Superior de Educação e Ciências (ISEC), Coordenador da Licenciatura em Gestão Aeronáutica.